Colaboradores de diversas áreas relatam assédio moral sofrido no ambiente de trabalho; especialistas explicam consequências
“Ô, Laura, minha gerente me chamou e falou que, pelas câmeras, me viu passando o número do telefone a você. E disse que se eu falasse algo sobre a empresa, me desligaria”. A intensidade do autoritarismo revelado, via Whatsapp, por Marisa*, fez com que esta pauta, caro leitor, mudasse completamente. A atendente de uma grande rede de fast food, alocada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, iria nos contar sobre seu dia a dia no trabalho. Contudo, a partir da negativa de sua gerente, não foi possível, nem ao menos, saber seu sobrenome e sua idade. Aliás, a ameaça era maior do que se possa imaginar: “A gerente também disse que a empresa iria nos cassar. Falou que poderia ser perigoso para a imagem das duas. Aí, é melhor não fazer, pois corremos o risco de perder o emprego e não conseguir mais trabalho. Mas, obrigada, mesmo assim”.
Diante do obstáculo inesperado, não poderíamos apenas lamentar e procurar por outra personagem. Decidimos, então, escrever, justamente, sobre o que acabávamos de vivenciar: assédio moral – neste caso, praticado pelas empresas contra seus funcionários. À forma do que ocorreu com Marisa, inúmeras instituições abusam de seu poder para coibir, humilhar ou tirar proveito dos colaboradores.
Marcelo*, de 33 anos, também passou por maus bocados. Depois de um acidente no trabalho, as coisas não foram mais as mesmas. Ele é motorista de veículos para atendimento médico de urgência. Era dia de céu claro em 2014, véspera de carnaval, quando ele dirigia uma ambulância rumo à garagem da empresa. Foi quando a porta do automóvel abriu inesperadamente, e, ao tentar fechá-la, chocou-se com gravidade contra uma árvore.